Nenhum detalhe escapa
Designer é minuciosa com décor da própria casa
Sendo Faye uma designer de interiores, nada mais natural que ela tenha decorado sua própria casa. “Não foi meu primeiro projeto de interiores, mas é certamente o mais importante", disse. O ponto de partida foi a arquitetura em si, que data do século 19. A ideia era manter a beleza atemporal da construção antiga, mas lhe atribuir a personalidade tão atual da moradora. Resultaram ambientes que levam cores marcantes e mesclam móveis modernistas, peças vintage e elementos contemporâneos. No estar de paredes verdes, por exemplo, convivem a poltrona de madeira e couro da Soane, a poltrona Cité, de Jean Prouvé, o pufe Urchin, amarelo, de Christien Meindertsma, as luminárias negras de parede de Richard Taylor, as douradas Sigmar – ambas dos anos 1950 – e, no teto, o lustre de Serge Mouille. Assinados pela moradora, aparecem o tapete e a mesa de centro Element.
Por toda a morada, a designer deu atenção especial à tapeçaria – inteira com desenho autoral e execução artesanal, pela The Rug Company. Na sala íntima, há um tapete circular azul; na de estar, dois com motivos abstratos; e, no quarto, um tapete de alturas variadas é feito de lã e seda. Mas nenhum destes causa tanto impacto e deu tanto trabalho para ser feito quanto o carpete que reveste a escada e os corredores internos dos dois pavimentos. Com uma faixa direcional central que persiste por toda a sua extensão, os encaixes entre as fatias da peça foram um desafio. Deu trabalho, mas deu certo. Os ambientes por onde passa essa tapeçaria ganharam um caráter moderno e único. Para Faye, não há espaços mais e menos importantes na residência nem mesmo a circulação. Cada cômodo é, a seu ver, uma instalação.
Ainda que cada ambiente deva ter uma personalidade, Faye estipulou um plano de conexão para eles: as cores. Mais precisamente, os verdes e azuis. Trata-se de uma homenagem velada ao grande arquiteto milanês Gio Ponti e ao seu hotel Parco dei Principi, em Sorrento. É na sala íntima azul que o clima deste refúgio de férias extravasa, com uma imensa foto do mar, a cadeira TWB, da dupla Raw Edges, e as duas poltronas com ar praiano. É a tentativa de, em Londres, materializar luzes e cores do Mediterrâneo. Em oposição ao quadro, a poltrona Flag Halyard, de Hans J. Wegner, fica sozinha. Mas, em um projeto maduro, nada é deixado ao acaso. A cadeira que parece abandonada serve para encorajar um momento de relaxamento e o deleite do jardim.
O banheiro é um dos espaços mais vintage. Isso devido ao desenho dos azulejos e do piso, em padrão espinha de peixe. O branco domina, mas, para levar ao lugar alguma novidade, Faye salpicou algumas peças de cerâmica colorida no alvo esqueleto. Há a cadeira estilo Windsor e a banheira restaurada, adquirida na loja de antiguidades The Water Monopoly. Na cozinha, o piso de cerâmica reinterpreta o clássico parquet e, na área de jantar, adjacente, o mar retorna em preto e branco, fotografado por Hiroshi Sugimoto. Seguindo a toada do mobiliário artesanal, no quarto, as peças foram feitas por pequenas empresas e artesãos, a maioria com design assinado por Toogood. Parece que nada escapou ao olhar e planejamento minucioso da designer.
www.casavogue.globo.com.br./Interiores/noticias/2013/01-casa-fay-toogoog.londres
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