quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

SODAE-House – A casa do arquiteto


O arquiteto Don Murphy, do escritório holandês VMX projetou essa casa para um cliente muito especial: ele mesmo. O projeto fica em uma região preciosa de paisagem intocada no sul de Amsterdã e foi implantado sobre uma ilha particular no cruzamento de rios da rede hidrológica artificial feita para agricultura.

Tendo um jardim plano como base, a residência se ergue como um volume monolítico, com destaque para a inclinação das paredes. Todo o caráter do projeto foi definido pela escolha deste local em particular, pela percepção dessa paisagem, que, por conta de uma tendência para rápida urbanização, em breve pode ser uma das últimas porções remanescentes com a natureza característica desta parte da Holanda.

De acordo com o princípio de um bunker – ver, sem ser visto – a casa foi colocada como um objeto de grande massa, afundado na grama. Enquanto parece hermeticamente fechada para seu entorno, na verdade oferece importantes vistas em todos os lados, percebendo a paisagem de uma forma panorâmica.

A forma simples da casa se origina a partir da interpretação criativa das normas de construção. O uso obrigatório de telhados inclinados em dois lados, com intenção de que as casas obedeçam a um estilo tradicional, fez parte do desafio que levou a esse projeto inovador. Ao aplicar estas regras de um jeito diferente, o arquiteto concebeu uma forma nova e contemporânea.

A casa tem três andares. A sala de estar e a cozinha são dispostas em um espaço de livre circulação no primeiro andar, e por isso usufruem das melhores vistas. As áreas mais íntimas (quartos e banheiros) estão situados no piso térreo, que é orientado para a parte de trás do jardim. O porão contém um programa adicional, com uma sala de fitness e um cinema em casa.

O projeto do interior tem características modernas, desde a escolha das luminárias, até a forma com que as escadas emergem no piso superior. O ponto focal do espaço de convivência é a lareira, de linhas retas e design elegante. O mobiliário está disposto de uma forma leve, sem muta densidade, criando destaque para as peças únicas e detalhes de cor, como a cozinha e outros acentos em laranja, que espalham-se pela casa e trazem um ar de diversão.

Verticalmente, a casa é dividida em uma parte para crianças e outra para os pais. Cada parte tem suas próprias salas de entrada, sanitários e escadas. No centro da casa, as duas peças se unem por banheiros que ficam aldo a lado. O entrelaçamento dos dois fornece suficiente privacidade para ambas as partes, e ao mesmo tempo permite uma convivência mais próxima durante os rituais no início da manhã e no fim do dia. Os níveis superiores e inferiores são utilizados igualmente tanto pelos pais como pelos filhos, mas têm suas próprias conexões de acesso ao resto da casa.

Misturando luxo e privacidade no espaço interno, com uma organização que combina uso coletivo e privado de uma forma sutil, o projeto da casa foi muito bem resolvido, equilibrando a estrutura maciça com um interior leve e minimalista, repleto de grandes janelas.

Essa casa pode não remeter a um lar exatamente caloroso, e vista do exterior, até parece um objeto estranho fora de contexto. Talvez para um cliente comum sua estética poderia não ser bem aceita. Até mesmo quem conhece arquitetura pode associar sua dura fachada com a austeridade de obras da época do comunismo, em países da Europa Oriental ou Rússia. Mas cabe enfatizar que estamos falando de uma casa com paredes e janelas inclinadas, que abriga a família de um arquiteto, em um espaço com 500m² de área construída sobre uma ilha, em meio a uma paisagem extremamente agradável. O projeto é sem dúvida uma referência inovadora do morar contemporâneo, e seu proprietário com certeza está muito feliz com o resultado.
 

arkpad.com.br/arquitetura/sodae-house-a-casa-do-arquiteto

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